segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tempo



Quando Vitor tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam.
Vitor desenhou a sua família.
Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras.
Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora.
- Professora, como a gente escreve...?
Ela não o deixou concluir a pergunta.
Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula.
Vitor dobrou o papel e o guardou no bolso.
Quando retornou para sua casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho.
Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa, mas ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela.
- Mamãe, como a gente escreve...?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora?
Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela.
Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso.
Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis.
Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai.
Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai.
- Papai, como a gente escreve...?
- Vitor, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido.
Vá brincar lá fora. E não bata a porta.
O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso.
No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho, enrolados num papel: uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude, os tesouros que ele catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos rolaram...
Quando Vitor tinha 28 anos, sua filha de cinco anos, Inês, fez um desenho.
Era o desenho de sua família.
O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse:
- Este aqui é você, papai! e também riu.
O pai olhou pra o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e, lentamente, começou a passar o dedo sobre o círculo.
Inês desceu rapidamente do colo do pai e avisou:
- Eu volto logo!
E voltou. Com um lápis na mão.
Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
- Papai, como a gente escreve... amor?
Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia:
- Amor, querida, amor se escreve com as letras: T...E...M...P...O...


Conjugue o verbo amar todo o tempo.
Use o seu tempo para amar.
Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que, para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine quem participe e vibre quem conheça e incentive.
Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre: se você não tiver tempo para amar, crie.
Afinal, o ser humano é um poço de criatividade.
E o tempo... Bom, o tempo... É uma questão de preferência.


Autor desconhecido

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